O contemporâneo do contemporâneo: a natureza indisciplinar da arte na esfera pública
Palavras-chave:
fim da autonomia da arte, arte contemporânea, práticas colaborativas, mundo real, natureza da arteResumo
No cenário do moderno, o artista foi demandado a criar sua obra em processos com diferentes graus de distanciamento do mundo. Com a instauração das práticas artísticas de caráter coletivo e colaborativo que avançam no cotidiano, abandonam-se posições tradicionais alicerçadas em preceitos de autorreferencialidade e de autocentralidade da arte, enquanto essas práticas artísticas coletivas revelam igualmente transformações significativas na constituição e na natureza da arte. Assim, nesse processo que derruba barreiras e que aproxima arte e vida de acordo com parâmetros inventados a partir do fim da autonomia da arte, é possível perceber-se o início do colapso duma ideia de arte fundada em premissas que se fecham sobre elas mesmas. Admitindo-se que a arte avança em direção ao mundo mundano em processos nos quais o artista partilha as responsabilidades da criação, nos vemos diante de questões que procuramos enfrentar neste artigo: como podem – arte e artista – avançar em cenários que desconhecem, uma vez que tradicionalmente lhes foi sugerido que evitassem esse mundo que se materializa para além do mundo da arte? Como pode o artista avançar em direção ao mundo quando, tradicionalmente, lhe foi sugerido que seu lugar no mundo era justamente um lugar fora desse mundo que se manifesta no real? O que dizer do artista, historicamente educado para enfrentar o mundo a partir de seu próprio universo? São muitas as dúvidas que se oferecem à arte e ao artista no contemporâneo do contemporâneo.Referências
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