Uma história de bandeiras em Los dias de junio

Resumo

Toda sociedade reflexiona sobre as causas profundas de seus conflitos e o cinema, desde seus inícios, através da integração do icónico e do lingüístico converteu-se num dos meios mais utilizados à hora da denúncia daqueles acontecimentos que contribuem à reconstrução da realidade como exercício para manter e consolidar nossa identidade. O filme Los días de junio (Nos dias de junho), estreado em 1985, oferece uma visão simbólica do impacto da última ditadura militar argentina na cidadania já que a partir da personificação de diferentes coletivos sociais, vêm à tona, as condutas, os temores e as estratégias de sobrevivência que se multiplicaram por milhares durante o período. Seus protagonistas como personagens coletivas se convertem na possibilidade de ver como através deles pode des-cobrir-se – dês-secobrir a realidade vivida pela sociedade argentina da época. Numa tentativa de falar sem dizer, cada uma das personagens que aparecem no filme expressa com total dramatismo os âmbitos em que a ditadura cerceou não só as liberdades senão também a vida mesma das pessoas e instituições vigentes até o momento de sua chegada. O filme reflete o difícil processo que atravessou a sociedade da época ante a urgência de manter e/ou recompor seus laços quando o tecido social vai rasgando seu trama e a complexidade de recuperar e sustentar alguma classe de identidade num momento em que parecesse não existir identificação possível.