Bloqueio e a máquina de provocação
Palavras-chave:
Spregelburd, percepção, absurdo, técnica.Resumo
Bloqueio de Rafael Spregelburd (2006), em encenação de Clara Marconato, redefine o espaço do real através duma estrutura de percepção múltipla. Ações improdutivas, disfunções técnicas, espaço quebradiço e problemas de comunicação fazem parte dum território que, se a primeira vista parece absurdo, sua lógica não é outra que a do real.Com uma construção do real baseada nas diferentes percepções que as personagens têm dos fatos, a peça apresenta um regime de olhares onde não só nenhum é o verdadeiro, mas onde a realidade surge a partir de uma falha técnica, um delay, que é o único que dá sentido a todo.
Uma falha na realidade que a torna incompleta, inacabada, e que motiva diferentes perspetivas que formam uma maquinaria onde o real provoca e agride a nossa percepção, se diferenciando.
Mas a falha não implica que todos os olhares sejam iguais: um é o que movimenta os outros; a ideologia que devolve o olhar, refletido, invertido, travestido, e nos interroga: quanto do que vemos estamos realmente olhando? Quanto do que é invisível se nos escapa? E quantos olhos fechados há numa multidão que olha?
Este trabalho se propõe uma análise do texto escrito em relação à encenação, onde a práxis que uma impõe ao outro consegue questionar o limite entre as percepções do real, o racional e o absurdo.
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Publicado
2016-08-26
Como Citar
Marconato, C., & Ricardo, A. (2016). Bloqueio e a máquina de provocação. AURA. Revista De Historia Y Teoría Del Arte, (4), 170–181. Recuperado de https://www.ojs.arte.unicen.edu.ar/index.php/aura/article/view/401
Edição
Seção
Novas Letras