As aventuras do visível: Dziga Vertov, cineasta materialista

Autores

  • Miguel Savransky Universidad de Buenos Aires

Palavras-chave:

imagem, movimento, regime estético, cinema documentário, encenação, materialismo

Resumo

A precoce concepção documental do cinema de Dziga Vertov como arte que permite registrar o movimento real da vida acentuou a preocupação por criar um cinema “puro” feito de nada mais (e nada menos) que matéria e movimento, capaz de superar as formas narrativas nas quais estava preso ate então –herdadas da literatura e do teatro– e de capturar o desdobramento das forças e energias sociais em uma cartografia audiovisual de seu tempo histórico. No presente trabalho nos centraremos na análise de “Um homem com uma câmera”, provavelmente sua grande obra. A procura de uma verdade pela escrita mecânica da luz em celuloide convive aqui, paradoxalmente, com um olhar autoral autoconsciente do artifício do cinema em todas as suas dimensões. O filme pode ser pensado como a convergência de duas linhas de forças heterogêneas que estruturam a filmagem e a decisiva concepção da montagem como arte dos intervalos: por um lado, o cine-olho como máquina capaz de conectar todos os movimentos dos seres no comunismo materialista de uma dança rítmica levada até o paroxismo; por outro, um meta-cinema que destaca os artifícios da encenação e o ilusionismo da montagem, fazendo oscilar indefinidamente os polos objetivo/ documentário e subjetivo/ficção, a partir de uma sistemática “mise en abyme” das condições materiais, técnicas e sociais da sua própria realização.

Biografia do Autor

Miguel Savransky, Universidad de Buenos Aires

Graduado de la Carrera de Filosofía.

Publicado

2017-06-24

Como Citar

Savransky, M. (2017). As aventuras do visível: Dziga Vertov, cineasta materialista. AURA. Revista De Historia Y Teoría Del Arte, (5), 20–47. Recuperado de https://www.ojs.arte.unicen.edu.ar/index.php/aura/article/view/364

Edição

Seção

Artigos