Xavier Dolan: As tensões nos corpos da contemporaneidade

Resumo

Através deste trabalho analisamos a obra do cineasta canadense Xavier Dolan. Nosso interesse na obra deste autor, a princípio, é pela sábia forma de focar a partir do cinema reflexões que são próprias da contemporaneidade no que refere às sexualidades heterogêneas e suas relações com o tempo e o espaço, onde encontramos o conceito de "pontos de fuga". Temos um corpus de quatro de seus filmes. A partir deles, começamos a nossa análise das continuidades e quebras em sua obra, tendo em vista que nela a chave é construir um estilo próprio. A abordagem do corpus tem como ponto de partida um olhar que contempla elementos formais de seus filmes: gênero e estilo, tipos de planos, o movimento da câmera, tratamento das cores, etc. para a partir deles chegar às reflexões filosóficas e políticas que decorrem desses materiais. Para isso, nossa pesquisa se vale das perspectivas de Michel Foucault e Gilles Deleuze. Nenhuma análise da forma pode ficar cindida do conteúdo e cada decisão estética também tem um fundo político-ideológico em relação ao seu tempo, como diz Jacques Rancière: "As artes nunca emprestam para empresas de dominação ou emancipação mais do que elas podem proporcionar, quer dizer, simplesmente, o que têm em comum com aquelas: as posições e movimentos dos corpos, as funções da palavra, as distribuições do sensível e invisível" (Rancière, 2014 (2000): 27).