Traços indisciplinados

O lugar da assinatura do artista nas obras de Leticia Obeid e Fabio Kacero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.56991/a.17.1176

Palavras-chave:

arte argentino, arte contemporáneo, firmas, gesto, autoría compleja

Resumo

Este artigo procura descrever o gesto singular de dois artistas contemporâneos que trabalham sobre o problema da cópia e da falsificação. Por um lado, o conjunto de exercícios caligráficos intitulado Trabajos prácticos [Trabalhos práticos] (2021) de Leticia Obeid, montado no Museu Nacional del Grabado para a exposição “Transformación. La gráfica en desborde” [Transformações. Os gráficos transbordantes] (2021). Por outro lado, a proposta de Fabio Kacero intitulada Firmas [Assinaturas] (2016) exposta na galeria de Buenos Aires Ruth Benzacar em “El campeón de los fantasmas”, onde o artista recolhe quase duzentas assinaturas pessoais. Essa leitura sugere como hipótese que o vínculo que funcionava para certificar a autenticidade de uma obra original foi destituído de seu valor legal (que atualmente recai sobre uma série de outros instrumentos legais) e, consequentemente, o lugar da assinatura nos arts foi deslocado. Por isso, nestas propostas, o exercício da repetição responde à necessidade de encontrar a função atual desses traços para o campo das artes. Nesse sentido, a hipótese indica que a cópia, a reprodução ou mesmo a invenção do desenho de uma assinatura está ligada à produção de uma autoria, à qual nos referiremos nos termos de Reinaldo Laddaga (2010) como “formas de autoria complexa”. Com isto, a ação plástica e visual das obras citadas afasta-se de uma posição enunciativa individualizante, para se conectar, ao contrário, uma rede ou laboratório coletivo de processos.

Publicado

2023-11-07

Como Citar

La Rocca, P. (2023). Traços indisciplinados: O lugar da assinatura do artista nas obras de Leticia Obeid e Fabio Kacero. AURA. Revista De Historia Y Teoría Del Arte, (17), 22–35. https://doi.org/10.56991/a.17.1176